Cores e Fatores.

1º - O CANÁRIO PASTEL


Paulo F. Pazzini Viana
Revista SANO 1998
Arquivo editado em 28/04/2005

Chamamos de "Pastel" aos Canários da linha escura que apresentem em sua melaninas um fator de diluição e dispersão.
Quando digo que há diluição e dispersão, me baseio nos seguintes fatos:

Há diluição da melanina negra, transformando a tonalidade negra dos bastões em CINZA.

Há dispersão da melanina canela, praticamente desaparecendo como o desenho dos canelas isabéis, Há diluição da melanina canela, clareando sensivelmente a subplumagem dos canelas e isabéis.

O fator pastel é geneticamente ligado ao sexo, isto é o gene para o fator pastel está localizado no cromossomo sexual.

Características Principais:

A-Negro Marron

O Pastel negro marron (azul, verde ou cobre) tem como características marcantes à transformação da melanina negra em Cinza, porém estas devem permanecer visíveis, com um manto acinzentados e o bico e patas Escuros.
São consideradas virtudes nestes pássaros: a pouca influência da melanina canela no manto, o bico e as patas oxidados, a presença da melaninas negras bem visivéis, embora diluídas. Devemos ter muito cuidado para não confundirmos como vem acontecendo com freqüência os pastéis negros-marron com alguns canários ágatas clássicos, com tendência a oxidação.
Para diferencia-los devemos em primeiro lugar nos basear pela coloração da parte superior das retrizes (penas longas da cauda) que nos pastéis negro-marrom é cinzenta e nos ágata clássicos é quase negra.
O Ágata apresenta, nas proximidades do bico e supercílio, zonas com ausência de melaninas, o que não ocorre com os pastéis negro-marrons. Ademais como principal diferença, a subplumagem do ágata é Cinza Escuro, quase negra e a do pastel negro-marron é Cinza Claro.

B-Ágata

O Ágata pastel é um canário que deve apresentar as melaninas negras diluídas, com a tonalidade cinza, porém mantendo as características do ágata clássico. Neste pássaros devemos preferir os que apresentem as melaninas bem visíveis com a menor influencia possível do canela.
Devemos nos precaver nestes canários para não confundi-los com isabéis clássicos.
Para tal, devemos observar os traços melânicos, que nos ágatas pastéis, são cinzas e nos isabéis clássicos, são marrons claros. Ainda, em caso de dúvida devemos examinar a sua plumagem, que no ágata cinza azulada, e nos isabéis clássicos é marron claro.

C - Canela

O canário canela pastel apresenta para o macho uma tonalidade marrom, com o desaparecimento quase completo do desenho.
São considerados como melhores canelas pastéis, aqueles que apresentam total difusão da melanina canela, sem desenho algum, apenas um manto com a maior quantidade canela. São considerados defeitos nestes pássaros, a tendência a manutenção das estrias ou a menor carga melânica.

D- Isabel

O canário isabel pastel apresenta o total desaparecimento do desenho e uma forte diluição do canela.
São considerados como os melhores isabéis aqueles que apresentam um discreto manto canela diluído, mas que não tenham o total desaparecimento das melaninas.
Em alguns casos, é difícil a diferenciação entre canela pastel e Isabel pastel (isto quando não são de boa qualidade), mas costumo dizer que, nestes pássaros o modo mais fácil de tentar distingui-los, é que o canela procura esconder o lipocromo e o isabelino procura mostra-lo o máximo possível.
Também, a subplumagem do canela pastel é Marron Acinzentada e a do Isabel é Bege Claro

2º - Canários Vermelhos


Cuidados Essenciais

1. Os canários de Cor necessitam de alguns cuidados específicos, pois săo aves com uma genética mais apurada do que os canários normais, popularmente chamados de comum ou Belgas, por este fato tęm uma plumagem mais perfeita e um maior desenvolvimento ósseo e muscular. Porém os canários de fator vermelho necessitam de alguns cuidados ainda maiores, tais como a administraçăo em sua farinhada de carophill red ou mais conhecido como cantaxantina 10%, que deve ser administrado na quantidade de 1,2 gramas para cada 100 gramas de farinhada.

2. A muda de pena é o período em que o exemplar necessita de uma maior quantidade de farinhada por se encontrar com grande caręncia de vitaminas, e por conseqüęncia de carophill red, para que sua plumagem fique perfeita, por este fato é que se deve administrar neste período a farinhada com o estimulador de fator vermelho (carophill red) todos os dias, após acabar esta fase o criador poderá fornecer a farinhada com o fator vermelho um dia sim outro năo.

3. Os canários com fator vermelho em especial năo podem ser expostos com freqüęncia ao sol, pois este fator poderá tornar a coloraçăo no animal mais opaca, fato este que é quesito para concursos, porém năo se proíbe a total exposiçăo ao sol deste tipo de pássaro, onde o criador poderá leva-lo para tomar banho de sol uma ou duas vezes por męs, com exceçăo no período de muda de penas onde o banho de sol deverá ser totalmente banido.

4. Deve-se adicionar na farinhada algumas gotas de óleo de girassol, substância facilmente encontrada em supermercados e que tornará a plumagem muito mais brilhosa, porém é preciso se ter muito cuidado na administraçăo desta substância, pois se administrada em excesso poderá vir a causar diarréia nos canários.

5. Um canário com fator vermelho carrega esta característica na sua genética, sendo impossível um canário que năo seja descendente de pais com fator vermelho vir a ficar com coloraçăo vermelha, pois os canários com fator vermelho săo descendentes de um pássaro silvestre chamado de Tarin da Venezuela, e por conseqüęncia um canário de qualquer outra coloraçăo seja amarelo, verde, ou qualquer outra cor nunca ficará com as penas vermelhas, o máximo que poderá acontecer será o canário ficar com uma plumagem cor de cenoura ou como mais comumente ocorre, o pássaro ficara todo manchado de amarelo e cenoura, por exemplo.

6. Sempre adquira canários com procedęncia e principalmente com a anilha, pois este será o pedigree de seu animal.





Mauricio Defassi
Criador filiado a Federaçăo Ornitológica do Brasil e ao
Clube Ornitológico Parque do Iguaçu, anilha MH - 028


3º - CANÁRIOS VERMELHOS fator 2


Tarcísio Moura
Presidente AVO - Associação Videirense de Ornitologia
Revista AVO 1999

A criação de canários em cativeiro teve início na época em que os navegadores aportaram nas Ilhas Canárias e os levaram para o continente, por volta de 1400. Eram canários verdes, que ainda hoje são encontrados nas ilhas sem muita alteração de suas características originais.
A partir de 1480 e com maior intensidade a partir de 1700, até os dias de hoje, o homem conseguiu fazer um trabalho de fixação das mutações que a natureza levaria séculos para realizar, pois a sobrevivência e procriação de indivíduos mutantes é muito difícil pelo fato deste não ser aceito pelo grupo e acaba não procriando, já que as fêmeas aceitam mais facilmente os machos normais e não os diferentes (mutantes).
Além dessa dificuldade, várias cores e raças que temos hoje nos canários são mutações originárias de outras mutações, o que dificultaria ainda mais o trabalho da natureza.

Hoje são 358 cores e 23 raças diferentes originadas daquele canário verde ancestral.

Nos anos 20, na Europa, os criadores iniciaram experiências para obtenção do canário vermelho. Esses estudos se basearam em transplantar a cor vermelha do patrimônio genético de alguma espécie, através da hibridação para o canário e que tivesse, como resultado, híbridos férteis.
O pássaro escolhido foi o Tarim, um Spinus encontrado na Venezuela e que se assemelha em tudo com o nosso pintassilgo, exceto pela cor, pois onde o nosso apresenta cor amarela nas penas, o da Venezuela apresenta a vermelha.
Desses cruzamentos foram obtidos híbridos férteis F1, que por cruzamentos com canárias resultaram em pássaros com fertilidade maior que os primeiros.
Depois de vários anos e de muito esforço por parte dos criadores, conseguiu-se incorporar ao patrimônio genético do canário, os genes responsáveis pela assimilação da cor vermelha nas penas.
Com uma alimentação rica em Lipocromo vermelho, que é o pigmento encontrado em alguns vegetais, pode-se fazer então com que o canário descendente do Tarim apresente a cor vermelha tão apreciada por todos.
O Lipocromo é encontrado na natureza em alguns vegetais, porém sua quantidade é muito pequena e por esse motivo é oferecido aos canários na forma industrializada, durante a muda de penas. Ele é absorvido durante a digestão e fixa-se nas penas somente nos pontos onde há afinidade por gorduras – é lipossolúvel.
Em resumo, essa é a história do canário vermelho, que muita gente acredita que foi pintado e quando em
alguma exposição alguém faz essa afirmação olhando os canários vermelhos, penso:
"Realmente, os canários vermelhos são pintados, mas pelas mãos de abnegados criadores, que com trabalho e muita dedicação conseguem 'pintar' essa obra-prima que, diferente das demais, tem vida".

4º - A MUTAÇÃO TOPÁZIO


Carlos Augusto Fonseca
Revista SOBC 1998

A mutação Topázio apareceu entre os canários de cor há, aproximadamente, uma dezena de anos. Em primeira instância eram pássaros sem grande interesse. Foram descobertos pelo criador Mário Ascheri, na Itália, e apresentados um ano depois num concurso de juizes italianos em Pavia.
Primeiramente os machos negro-marrom possuíam as melaninas muito marcadas sobre o dorso, remiges e no peito. O espaço entre as estrias apresentava uma "Melanina Suja". As fêmeas possuiam uma melanina confusa.
Esta mutação teve sua origem nos canários inos, o que explica a importante presença de feomelanina nestes pássaros. Nos inos a melanina aparece na periferia das penas nos negros-marrom, e é praticamente inexistente nos ágatas. Já nos topázios a melanina se apresenta mais aparentemente nos ágatas, além disso a melanina está no centro das penas. Devido a este último fato que estes pássaros foram denominados "canários de melanina central".
O nome "Topázio", certamente foi dado por um criador chamado Michel Houze, amigo do Sr. Ascheri, o qual recebeu um trio para começar a estudar a nova mutação.
Inicialmente o efeito da mutação estava bem caracterizado somente nos pássaros mosaicos, mas mesmo assim era bastante distinta, os machos apresentavam melaninas mais limpas no dorso e nas remiges, todas bem acompanhadas de marrom. Já as fêmeas, eram borradas de marrom, apresentando melaninas confusas e muito pouco marcadas.
A fim de tomar a mutação mais atraente, e melhor caracterizada, os criadores europeus executaram alguns acasalamentos. Um dos acasalamentos que apresentou resultados bastante positivos foi acasalar os ágatas topázios com ágatas clássicos bem marcados e sem presença de feo-melanina, desta forma em poucos anos os pássaros tinham passado de um "marrom sujo", a uma capa bege clara, a qual apresentava um lindo contraste com as melaninas, aumentando a beleza da mutação.
Atualmente, os ágatas-topázio apresentam-se com estrias bem escuras de cor cinza, com melaninas bastantes finas, desta forma é muito difícil confundi-los com ágatas pastéis, como alguns criadores pretendiam, afim de não caracterizar a nova mutação.
Os negros-marrom não apresentam ainda a mesma evolução que tiveram os ágatas, desta forma além da novidade, esta mutação tem um atrativo a mais para os criadores: o fato de ela ser evolutiva, assim para os criadores que gostam de desafios é uma oportunidade ótima de começar uma nova linhagem.
No Brasil já foram apresentados alguns exemplares; assim como na Europa os ágatas topázios são mais belos, já os negros-marrom ainda podem evoluir um pouco mais.
Finalizando, para quem aceitar o desafio, vale a pena lembrar que a mutação topázio se comporta geneticamente como a mutação opal e ino, isto é um fator recessivo, e atualmente no Brasil dividem-se em negro-marrom topázio e ágatas topázio com e sem fator.

Referências:

La mutacion topázio en el canário,
Michel Darrigues, revista FOCDE
Minha Experiência com o Topázio sem Fator.
Um Caminho Sem Limites, Sérgio Donizetti de Moraes, revista cobra 1997.

5º - O FATOR MELANICO ANCESTRAL NOS CANÁRIOS DA LINHA CLARA


Mauro Scaramuzza Filho
Sócio SPCO desde 1981
Revista SPCO 2002

Também conhecido como caracter de rusticidade, o fator melânico ancestral se manifesta através do aparecimento de manchas melânicas na plumagem de canários da linha clara. Não pretendo dividir, para este estudo, os canários da linha clara em com e sem fator vermelho, pois nossos mosaicos sem fator são descendentes dos vermelhos, os quais por sua vez descendem do Tarin da Venezuela e, graças ao trabalho de hibridação realizado por estudiosos, está presente em quase todas as variedades sem o fator vermelho. Portanto, o fator melânico ancestral - o qual já se expressava antes da hibridação de nossos canários com o sangue do Tarin, pois carregavam em seus genes um ancestral melânico comum - consta da carga genética da maioria de nossos canários, exceção aos albinos.

EXCEÇÃO AOS ALBINOS

Pesquisando especificamente o albinismo dos olhos, na linha clara, podemos considerar ser o agente inibidor da expressão melânica na plumagem. É por isso que não vemos um(a) albino(a), ou lutino(a), ou rubino(a) com mancha. Ao que o neófito poderia argumentar: mas por que então os brancos, amarelos e vermelhos, mesmo sem mancha, produzem também descendentes manchados? Ora, vale lembrar que se seus olhos são negros ou castanhos, já há indício de melanismo, embora sejam considerados uma mutação. Portanto, especificamente no caso dos brancos, como um exemplo meramente didático adotado, a pigmentação escura (preta ou castanha) nos olhos já indica a presença, ainda que restrita, de melanismo. O que torna esses canários brancos é uma deficiência hepática (no metabolismo da pró-vitamina A) que os impede de expressar o pigmento amarelo, mas não impede uma eventual expressão melânica na plumagem. É isso que, basicamente, difere os canários brancos dos albinos. Os albinos são totalmente desprovidos de pigmentação e são homozigotos (recessivos), enquanto que os brancos representam apenas ausência de lipocromo, tendo o melanismo restrito aos olhos, e por isso mesmo apresentando genes, inibidos, para o melanismo.

O verdadeiro albino - de acordo com KELSEY-WOOD, 1989 - é totalmente desprovido de qualquer pigmento no corpo e nos olhos, que devem ser rosados ou vermelhos por refletirem a hemoglobina nos vasos sanguíneos do olho. Esta cor é muito popular em aves e roedores domésticos, aparecendo com raridade na natureza. Estudiosos dizem que o albino surge, em populações fechadas, e tem poucas chances de sobrevivência na natureza por estarem mais expostos, e não por falta de vigor. Segundo a lista de HERVIEUX (1713), encarregado dos aviários da Duquesa du Barry, o "Serin Blanc, aux yeux rouges" (canário branco de olhos vermelhos), a variedade albina já existia e era proveniente de canários melânicos. Mutação muito mais antiga que os brancos recessivos, cuja aparição, de acordo com dados históricos, se deu em 1908, no criadouro da Sra. Lee, na Nova Zelândia, os quais por sua vez eram oriundos de canários amarelos.

O PRECONCEITO PARA COM OS MANCHADOS

A essas alturas o leitor já deve estar puxando uma pestana ou querendo saber onde pretendo chegar. Pois bem, com mais de vinte anos de estudos e criação, tenho observado belíssimos exemplares da linha clara serem preteridos tão somente por apresentarem uma mácula melânica em sua plumagem. Vale observar que o simples fato de ter olhos escuros já é uma expressão de melanismo, apesar do mesmo estar restrito aos olhos e mostrar- se inibido na plumagem. Isto significa que mesmo sem manchas escuras na plumagem, um canário amarelo, branco ou vermelho apresenta caracteres de herança para melanismo em seu genótipo, o que ocorre na maioria das vezes. A incidência de manchas (inclusive manchas córneas) tende a aumentar se houver cruzamento consangüíneo, pois tendo o canário (Ser/nus canarius) apenas 18 cromossomos, as chances de vários genes de um mesmo cromossomo se combinarem com seus semelhantes aumentam. Há criadores que preferem usar canários lipocrômicos com olhos canela, ao invés dos canários com olhos negros. Entretanto, vale lembrar que não há nenhum estudo científico publicado em defesa dos que trazem o feomelanismo em sua genética. Só existe uma afirmação: eumelanismo e feomelanismo em canários da linha clara devem estar restrito aos olhos, no que diz respeito às condições de um exemplar competitivo (aparência = fenótipo). Não obstante, o melanismo dos olhos já implica em um fator ancestral presente em sua bagagem genética (genótipo; o que não aparece). Temos uma questão: usar ou não os manchados?

Diante das considerações levantadas sobre o fator melânico ancestral, não há impedimento algum no uso desses reprodutores e posso até mesmo aconselhar que, se quisermos utilizar fêmeas manchadas, o ideal seria levarmos para seus pares de olhos vermelhos (fator /no), pois já na primeira geração todas as filhas seriam puras. Afinal, um plantel não se faz apenas de campeões! Os exemplares show (ideais para campeonato) estão muitas vezes num preço inacessível, ou incompreensível, para o iniciante, ao passo que exemplares breeder (só para criação) são adquiridos pela metade do preço e podem resultar num futuro campeão. O foco principal da criação é a seleção – aprimoramento - e não apenas a soma de exemplares top show! Então, será mesmo que vale a pena desprezar os manchados? Não esqueça de que olhos escuros em canários da linha clara já são o indício do fator melânico ancestral e tenha sempre em mente de que não existe num plantei canários com a mesma tipologia (ou só intensos, ou só nevados ou somente no padrão de campeonato). É o trabalho de seleção que torna um indivíduo um criador.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

FARAH, S.B. DNA segredos e mistérios. São Paulo : Sarvier, 1997.
KELSEY-WOOD, D. The atlas of lhe world. Neptune City (USA): TFH,1989.
LEWIS, R. Humangenetic&conceptSJandapplications. 2 ed. Dubuque (USA): WCB, 1997.
OBJO - FOB. Manual de julgamento de canários de cor. São Paulo :OBJO, 1991.
OBJO - FOB. Manual de julgamento de canários de cor. Campinas: OBJO, 1996.
STORER, T. (et ai.) Zoologia geral. 6 ed. São Paulo : Nacional, 1984.
http://www,euronet.nl/users/hnl/clea[bodJilm.
http://home.hetnet.nl/~inte50/symhgebr.ritm.
http://members.madasafish.coro/~grahamwhite/dflwnJoad/history.htrol
http://www.tassie.net.au/~bgartrejl/pgOQ0009.htm


6º - Fatores Intenso e Nevado


INTRODUÇÃO

O fator intenso como sabemos é alelo mutante do fator nevado.
Todo os "serinus canarius" em estado silvestre são nevados. O fator intenso surgiu da criação em cativeiro e já em 1709. Herviux de Chanteloup relacionava entre vinte e nove variedades existentes a época o Serin Plein de cor amarela intensa (jonquille).
Se todos os pássaros silvestres são nevados, porque não acontece em cativeiro quando o acasalamento contínuo entre nevados nos conduz, no caso extremo, aos famigerados quistos (lumps)?
Simplesmente por que os pássaros silvestres possuem patrimônio genético estável e apesar de serem todos nevados a estrutura de suas penas e plumas, é praticamente, idêntica.

MUTAÇÃO DO FATOR NEVADO ORIGINAL

Na natureza a relação é sempre constante. Pássaros deficientes ou com plumagem diferente dos normais, dificilmente sobrevivem ou se isto acontecer tem pouca chances de fixar a mutação que os tornou diferentes.
São rejeitados, normalmente, pelos da própria espécie e tornam-se presa mais visível para os predadores.
Imaginem um canário amarelo intenso entre seus congêneres silvestres: totalmente diferente em sua plumagem e com muito maior possibilidade de ser visto por seus predadores naturais.
Na criação em cativeiro, praticamente, as duas causas acima citadas não interferem como na natureza na seleção. O homem, ao contrário, valoriza cores e formas diferentes da original e procura fixá-las. A natureza é sábia e podemos na maioria dos casos constatar a cor mais terna das fêmeas para protege-las durante o período em que chocam. Os machos, normalmente mais coloridos nos pássaros que criam em ninho aberto são mais facilmente vistos pelos predadores apesar de sua plumagem, mais atraente, ser fundamental para atrair também a atenção das fêmeas. O homem, normalmente, em todas as suas criações de animais quebra este equilíbrio que existe nos animais silvestres. A mutação denominada "intensos" surgiu em cativeiro talvez como reação ao rompimento do equilíbrio existente nos nevados originais.

POR QUE O EQUILÍBRIO FOI ALTERADO

Se verificarmos como chegamos ao pássaro lipocrômico é fácil com os conhecimentos que hoje dispomos responder tal pergunta.
Antes de surgirem os pássaros totalmente isentos de melaninas começaram a aparecer em cativeiro os que denominamos "pintados".
Como sabemos também, as penas que não possuem melaninas, além de serem menos rígidas que as que as possuem, tem estrutura diferente.
A mudança de estruturas nas penas lipocromicas, nos pintados é fácil de se constatar e os genes que comandam outras características da pena além da cor, como comprimento, largura, diâmetro das barbas e barbulas e seu próprio comprimento foram também mudados.
Assim, o equilíbrio existente entre os pássaros silvestres no que se refere a estrutura das penas, foi rompido e passamos a ter nevados com várias estruturas de penas.
A mutação "intenso" talvez tenha surgido como uma necessidade natural dos pássaros para minimizar a diferença entre a estruturas da pena.
Há uma interação importante entre a ação do locus "Intensos - Nevado" e do gene ou genes, não sabemos ao certo, que comandam a estruturas das penas.
Considerar a ação do primeiro sem levar em consideração dos outros nos parece pouco significativos.
A ligação estreita que existia entre os dois loci foi rompida e estudá-las em conjunto nos parece a melhor solução.

NEVADOS

Hoje sabemos que existe uma variação bastante grande entre os nevados. Essa variação se expressa além da cor na quantidade de "névoa" aparente sobre a plumagem.
Nos pássaros de "névoa" acentuada se examinar-mos suas plumas e compará-las com penas de pássaros de "névoa" curtas da mesma região da plumagem veremos que são mais largas, isto é, barbas e barbulas mais longas. Sendo estas mais longas, os canais internos são também mais longos, e as pontas mais finas. O lipocromo tem maior dificuldade de atingir as extremidades, daí a ausência de coloração.
Isto nos leva a imaginar que a quantidade de lipocromo disponível para depósito seja idêntica, ou quase, em todos os pássaros. Assim penas com barbas e barbulas mais longas ficam com as pontas sem lipocromo. Penas com barbar e barbulas nos nevados conduzem a uma névoa menor.
A utilização de pássaros de névoa curta acasalados entre si nos tem conduzidos a pássaros praticamente sem névoa o que descaracteriza o nevado. Existem pois nevados em uma grande gama de variações e considerados idênticos para fim de acasalamento e por demais simplificado.

INTENSOS

As penas dos pássaros intensos deveriam se caracterizar por serem ligeiramente mais compridas mas mais estreitas, com barbas e bárbulas mais curtas e canais intensos de maior diâmetro do que nos nevados. Hoje, como nos nevados, existem intensos de uma grande gama de variações. Nas raças onde são requeridas penas longas, praticamente, todos os intensos possuem alguma névoa. Há casos em que se torna difícil definir se o pássaro é intenso ou nevado.
Afirma-se que o fator intenso em dupla dose era letal, hoje já não há certeza quanto a tal afirmação.
O acasalamento de intenso entre si reduz a largura das penas e as torna mais rígidas. Os Gibbers e os Gibosos soa uma prova inconteste de tal fato. O temperamento nervoso deste pássaro mostra que o fator intenso influi em outras características e não só na estrutura das penas.
A probabilidade de que pássaros destas raças sejam de duplo intenso é bem acentuada.
Como sabemos, os intensos heterozigotos tem possibilidade de produzir 25% de pássaros nevados mas eles não aparecem nas raças citadas, e a mortalidade de 25% de embriões fica difícil de ser sustentada.
Pode ser que em várias gerações tal fato ocorra mas os criadores sabem os recursos para evitar chegar a tal situação.
Há pois, intensos e intensos, e a única saída de se atingir a estrutura de pena ideal é analisa-lo nos dois pássaros a acasalar.
O acasalamento tanto de pássaros nevados entre si como de intensos necessita ser analisado com cuidado.

ACASALAMENTO INTENSO X NEVADO

Talvez no início da criação em cativeiro, após o surgimento dos intensos, pudesse ser este o acasalamento ideal para manter a estrutura de pena compatível para produzir tanto bons intensos como nevados.
Hoje, a situação é bem diferente. Há necessidade de que se analise a estrutura da pena. Tomemos como exemplo a raça Gloster. O acasalamento entre pássaros nevados é utilizado em larga escala. Após algumas gerações começam a surgir problemas. Inicialmente penas por demais largas e moles que arruinam o contorno compacto desejável. No extremo, o surgimento de quistos onde as penas não tem a rigidez mínima necessária para romper a pele, e crescem abaixo dela.
O pássaro de penas muito moles, mesmo que se acasalando com um intenso por mais compacto que seja, jamais produzira nevados de estrutura de penas desejada e os intenso terão as penas com barbas e barbulas por demais longas para expressarem as características de um bom intenso. As remiges e retrizes serão longas e a névoa aparece muito. Tais intensos dificilmente se prestaram para corrigir estruturas de pena de outros nevados longos. Isto sem considerar os outros fatores que influem na estrutura como distribuição das melaninas, tipo de melanina, ausência de lipocromo etc.
Assim, é necessário não considerar somente os intensos e nevados para realizar acasalamentos que conduzem a bons resultados.
Nos frisados parisienses o desaparecimento dos chamados penas duras é outro problema a ser enfrentados pelos criadores. Hoje, a intensos de penas tão longas como os nevados e estes são os que ganham os prêmios. O balanceamento da estrutura é fundamental para obtenção de pássaros de concurso.

CONCLUSÃO

Como podemos ver de tudo o que foi escrito, na situação atual o cuidado em interpretar a ação dos fatores intenso e nevado inteirados com os fatores que influenciam na estrutura da pena é fundamental para se conseguir resultados satisfatórios e o maior numero possível de filhotes com condição de concorrer com sucessos em concursos.
Há pássaros que, mesmo não tendo condições de serem apresentados em concursos, possuem a estrutura de pena ideal para produzir filhotes que podem concorrer com sucesso. Nos Parisienses, um intenso de penas duras jamais ganhará um concurso entre os de sua classe, mas é imprescindível para manter uma estrutura de penas compatível com a necessidade da raça e corrigir as penas por demais "moles" que surjam no plantel.
Como podemos ver, hoje, os fatores intensos e nevados não são tão simples de serem abordados.

7º - OS FATORES MOSAICOS


Michel Darrigues
Juiz-OMJ COR
Tradução: Dr. José Giordano Penteado
Revista SCOL-1995

Os fatores mosaicos, no plural, porque?
Existem vários efeitos nos fatores mosaicos, além de vários dimorfismos, provenientes de diversas origens.

1.Tarim da Venezuela
2. Canário Inglês tipo Gloster
3. Serins Cini e outros

O fator mosaico que se originou do Tarim da Venezuela, é na minha opinião o dimorfismo mais qualitativo porque os pássaros mosaicos são os parentes mais próximos do Tarim, possuindo todos os pontos de eleição do lipocromo perfeito em intensidade, não possuindo o schimmel, tem uma plumagem mais curta e uma forma irregular nas plumas. Na família do Tarim da Venezuela podemos notar que existe dois tipos de pássaros que não possuem uma faixa branca no peito partindo para o abdômen. Com estes tipos se fazem o acasalamento para melhorar o fator mosaico.
Os primeiros pássaros mosaicos apareceram na Holanda de um acasalamento feito com o Tarim da Venezuela X Vermelho Intenso. Um trabalho rigoroso na seleção que resultou em belas fêmeas mosaicas, tanto em melanina quanto em lipocromo, hoje não se desenvolve muito o mosaico da linha clara. As fêmeas se apresentam com a cor de giz branco sobre as costas e os pontos de eleição de um bom vermelho brilhante e luminoso. Os traços oculares muito finos, portanto bem distintos. As penas igualmente finas, quanto ao lipocromo é transparente e no centro um branco como a neve.
Eu me recordo de uma fêmea que adquiri por intermédio do Sr. Ascheri. Esta fêmea veio de um criador Holandês (4942 nro do criador célebre). A plumagem de seus pássaros podem ser comparadas a seda.
Eu ainda sonho, com um branco giz e de uma alvura brilhante devido a finura das penas iguais.
Embora seja dito que nada falta para ser feito pois até lavagem especial com shampoo para cães brancos, hoje em dia são praticados pelos criadores de canários mosaicos, para concursos tanto no Campeonato Nacional como no Mundial.
Os pontos de eleição do padrão de mosaico entende de um vermelho intenso, luminoso e sem schimmel. Este está à mostra bem vivo no fator qualitativo do mosaico causados pelo Tarim da Venezuela.
Os machos, em compensação não são os mais espetaculares, não sendo possível encontrar pássaros de concursos, conforme os critérios mais aprimorados de julgamento. O último schimmel dorsal é importante, na apresentação com lipocromo muito intenso nas espáduas, peito, cabeça e uropígio.
Os melhores machos apresentam um abdômen muito branco ascendente à altura do peito. Sempre o conjunto dessas características se nota através de plumagem curta e bem luminosa. Isso para um fator Mosaico qualitativo.
Em conseqüência do fator quantitativo foram introduzidos esses Mosaicos através de criadores Italianos e o Sr. Ascheri visitando uma exposição de Reggia Emilla em 1969, ficou maravilhado com o stand de machos que possuíam um tipo de Mosaico diferente, muito mais espetacular.
A máscara bem vermelho e limpa se destaca no peito, no encontro das asas e no uropígio, entretanto as fêmeas, possuem um pouco mais rosa sobre as costas e no peito. Isto foi uma revolução e estes Mosaicos foram chamados de “Novo tipo”.
Certamente o Sr. Ascheri faria uma aquisição como tentativa na recuperação de seus machos. O estudo com os machos inclui a estrutura das penas que vão se modificando, o branco se torna menos luminoso, a cabeça maior, as patas mais curtas e os olhos ligeiramente puxados e modificados.
O conjunto do pássaro era mais pesado com o Mosaico que nós criávamos.
Todos os criadores de Mosaicos se precipitaram e todo mundo cria tipos de Mosaico. Porém toda Medalha tem o seu reverso.
Uma seleção que segue um caminho mal feito e às avessas, sempre deve conservar mais o branco e o lipocromo, tanto nos machos como nas fêmeas tornando-se pálidos e penas alongadas à medida que se faz os acasalamentos, o traço do olho nas fêmeas desapareceu para dar lugar aos óculos ou uma boa máscara com lipocromo pálido, depois os “quistos” são mais evidentes.
Com o tempo você compreenderá que o fator Mosaico será captado nos canários Ingleses do tipo Gloster. Para verificar o que me refiro é só voltar aos mesmos acasalamentos e obterá os mesmos resultados.
Convém rapidamente suprimir os defeitos produzidos pelo novo fator Mosaico, mas conservando a qualidade. Só consiste em tornar a partir do Tarim da Venezuela.
Só este acasalamento permitirá:

-Restituir o lipocromo intenso;

-Encurtar as penas;

-Modificar em parte a estrutura das penas;

-encontrar as partes brancas do Mosaico inicial para modificar a estrutura das penas.

Após diferentes acasalamentos, podemos considerar que os Mosaicos vermelhos são belos exemplares, portanto, um objetivo jamais deve ser esquecido, ligar intimamente o fator Qualitativo ao fator Quantitativo.
Jamais esquecer que o padrão Mosaico perfeito da fêmea é que reflete a qualidade do casal.
Uma boa máscara na família dos machos forçosamente não é uma qualidade para dar belas fêmeas. Com efeito os machos Mosaicos em concursos possuem uma bela máscara, boa forma, que faz os Mosaicos “Supimpa”, estar voltado mais aos resultados:

-A estrutura das penas sejam espessas e afastadas do Tarim;

-O lipocromo quase descendo até a cauda com relação ao abdômen.

A tipicidade do traço do fim do olho é muito importante, tudo parte desse lugar, para obter uma raça Mosaica de qualidade.
É falso exigir o que existe nas fêmeas para fazer machos, e dos machos para fazer as fêmeas. Os criadores estão lançando novas teorias e a qualquer época as fêmeas irão melhorar muito o lipocromo da máscara, e aperfeiçoar os fatores Mosaicos na descendência dos Machos e os machos com pequena máscara darão boas fêmeas.
Isso é uma fábula.
As qualidades do Mosaico se traduzirão para:

MACHO

-Uma máscara muito intensa.

-Um lipocromo muito vermelho com pontos de eleição, sem nenhum schimmel no centro.

-Um branco muito luminoso (sem recorrer ao shampoo) para as partes brancas.

-Uma empenação muito curta e fina.

-Um peito bem marcado no lipocromo.

-Um branco como giz, bem luminoso sobre o abdômen ascendente à altura do peito.

Aqui um macho dará belas fêmeas.



FÊMEA

-Pluma de seda.

-Pontos de eleição bastante vermelho.

-Traço ocular bem marcado, sem óculos ou ligeira máscara.

Aqui uma fêmea dará belos machos Mosaicos.
Dentro dos dois casos, remiges deverão ser brancas, isso aumentará a qualidade do fator vermelho. Isso se obtém por uma seleção, apesar disso uma alimentação á base de papa contendo colorante vermelho artificial incrustarão um pouco as remiges ainda que tenha:

-Tratamentos com antibióticos;

-Verduras no momento da criação;

-Excesso de ovos de granja. Um pouco de vermelho na coloração das remiges.

Peço prestar muita atenção na alimentação dos Mosaicos e empregar a para GRANI, seca, que é uma papa sem corantes artificiais, com a qual os filhotes jovens e os rebentos passam muito bem, e não necessitam de antibióticos empregados no momento da criação.



FOTOS CEDIDAS PELO AUTOR, PARA ILUSTRAR O ARTIGO.

Vermelho mosaico macho Remiges Brancas


Vermelho Mosaico Macho


Vermelho Mosaico Macho (R3) Lipocromo Vermelho

Transparência do Branco

Vermelho Mosaico Fêmea


8º - FATOR ÓTICO REFLEXĂO


Victor R. Moreira
Revista SANO 2006

No ano de 1996, escrevi um artigo com o título “Lipocromo e Melanina” sendo que, no capítulo referente ao Fator Ótico para o Azul, eu dizia o seguinte:
Resultante da modificaçăo estrutural das células exteriores das penas existe o fator Ótico para o Azul.
A luminosidade produzida pelo espectro solar, decomposta em radiaçőes, nos dá as várias nuances de cor, que observamos num mesmo canário em diferentes períodos do sai, ou seja, cores mais amenas de manhă e mais forte ao entardecer. A plenitude da pureza da cor se observa ao meio dia.
Este fator transmite o efeito ótico que dá ŕ cor amarela, um tom esverdeado, daí a denominaçăo Amarelo Limăo.
Nos canários brancos, aumenta o brilho da plumagem, dando a ilusăo ótica de uma tonalidade mais clara. Nos pássaros vermelhos, por influęncia do fator, a cor vermelha é mais intensa e brilhante.
O Fator Ótico para o Azul, quando inserido no genes dos canários da linha escura, elimina os resíduos feomelânicos dispersos (manto marrom), proporcionando maior nitidez e contraste entre a melanina e o lipocromo.
Tomando por exemplo, ao introduzirmos o Fator Ótico nos canários ágatas, eliminamos a feomelanina presente no dorso (manto) dos canários, obtendo dessa forma exemplares com melaninas mais nítidas, em perfeito contraste com o lipocromo.
Essa regra se aplica a todos os canários da linha escura, com ausęncia quase total da feomelanina marrom no manto, estăo ligados ao Fator Ótico para o Azul.
Após a publicaçăo da matéria alguns chegaram a dizer que eu estaria escrevendo uma barbaridade. Porém, passados seis anos da publicaçăo do meu artigo e ainda mais recentemente, tive a oportunidade de ler alguns artigos que corroboravam o meu ponto de vista a respeito do Fator Ótico para o Azul, na linha escura.
Acredito que após essa constataçăo seria importante, que se explicasse como o Fator Ótico para o Azul, é introduzido originariamente (năo é mutaçăo) nos canários a linha escura.
O que vem se fazendo é o acasalamento de dois pássaros da linha escura, com característica de fenótipo já definidos, sem feomelanina dispersa, principalmente no dorso e que supostamente portem o fator ótico, ou seja, procura-se continuar e se possível aperfeiçoar o que já está feito.
Os primeiros canários que vi que provavelmente tivessem o fator ótico, năo existem mais. Apareceram na Europa nos primeiros anos da década de 70 e eram denominados “perlę” – năo eram mutaçăo – mas infelizmente năo conseguiram fixar suas características.
Depois disso, vi no Campeonato Brasileiro de 1980 realizado no Anhembi, Săo Paulo, apresentados pelo criador Alci Tomaz da SPCO do Paraná, alguns canários Ágata Vermelho Mosaico com ausęncia quase total de feomelanina no dorso ou manto, como se dizia na época. Foram evoluindo até chegarem aqueles que se convencionou entre nós, chamar de Ágata Paulistinha. Assim como os canários do Alci Tomaz, também os Ágatas Paulistinhas, foram procedentes da Europa. Depois da mesma procedęncia Européia vieram os Azuis, Verdes e Cobres, enfim, todos os canários da linha escura com fator ótico, que graças a alguns criadores criteriosos, foram até melhorados.
Estas e outras observaçőes me levaram a pesquisar acerca do efeito ótico nos canários, mais especificamente na linha escura e depois procurar entender como se introduz originariamente o fator ótico nesses pássaros.
Tirei minhas próprias conclusőes, mas por motivos óbvios, deixo de apresentá-las neste momento, até porque acredito que seja interessante da minha parte esperar um pouco mais para melhor conclusăo sobre o assunto.

9º - FATOR VERMELHO


Amadeo Sigismondi Filho
Juiz COM HS-OBJO
Revista AVO Junho 200

A história do canário vermelho é cheia de episódios e tentativas que remontam há quase um século. Têm-se notícias que as primeiras experiências datam de 1895. Porém, temos como pioneiro da canaricultura vermelha o alemão Bruno Materns, com a introdução do Tarim da Venezuela, por volta do ano de 1914. Ainda fazendo parte do principal grupo temos Dunker, Heniger, Balsen e Dhams.
Na verdade, ainda não se conseguiu o verdadeiro canário vermelho em sua expressão máxima e muito dificilmente se conseguirá no futuro. Recorremos sempre a complementação alimentar e, dado estes recursos, a obtenção de um vermelho por outra forma que não a atual não mais vem sendo procurada. Salvo raras exceções com nosso Tico-Tico Rei na busca de um outro híbrido, que pudesse dar um outro vermelho à plumagem do canário, nenhuma outra experiência vem sendo tentada que se tenha notícia.

TEORIAS SOBRE O FATOR VERMELHO

Há duas teorias que explicam a assimilação do fator vermelho: uma química e outra genética.

QUÍMICA

No protoplasma da célula do canário encontram-se certos corpúsculos coloráveis do amarelo ao vermelho. Esta origem vem desde o canário ancestral. Porém, o canário não possui o catalisador que possibilita o metabolismo acelerar a reação bioquímica destes corpúsculos. O catalisador para o vermelho não é o mesmo para o amarelo. A plumagem sempre foi de lipocromo amarelo, até que ocorreu a mutação que inibiu esta cor no manto, dando origem ao canário branco, mas até hoje não surgiu mutação para o vermelho, embora saibamos que hajam dois pigmentos lipocromicos:

AMARELO VERMELHO

Sabemos também que distintos são catalisadores, para que a plumagem possa ser colorir de um ou de outro.

FATOR VERMELHO

Como foi introduzido este catalisador no canário?
Pelo Tarim Vermelho da Venezuela (spinus cuculatos)
O fator para o vermelho é livre e se comporta de forma independente de outros fatores.

GENÉTICA

A teoria genética quer demonstrar que o processo de transmissão do fator vermelho para o canário teve origem na propriedade que o Tarim tem de transferir, ao híbrido de primeira geração, um gameta com o gen que contém o fator vermelho, dando origem a um híbrido heterozigoto para o caráter considerado, ou seja, um gameta com o gen para o fator vermelho herdado do Tarim e outro gameta herdado da canária, sem o fator vermelho.
Na verdade, nem uma nem outra teoria pode ser comprovada na prática, nem a que é baseada exclusivamente nos princípios genéticos e muito menos aquela que atribui à questão um princípio puramente químico.
Há certos fatores que um indivíduo quando o recebe não perde mais, a não ser por um processo de mutação. Neste caso encontramos os biocatalizadores.
Por este motivo é que a união das duas teorias muito provavelmente deve ocorrer.
O Tarim transmite o catalisador que faz acelerar o processo para colorir a plumagem do canário, em cuja célula já se encontra o pigmento vermelho. Não fora isto, os canários hoje em dia mais afastados, gerações várias da linha direta do Tarim não teriam mais a capacidade de absorção do carotenóide vermelho que se lhes administram.
Podemos observar ainda, que mesmo uma descendência direta se não ajudamos com substâncias que contenham cantaxantina a progênie carece de uma cor vermelha pronunciada. Os canários de hoje continuam a colorir tão intensamente como há anos atrás, mesmo se retroagirmos duas décadas, embora lhes falte na plumagem um especial brilho que lhes dava com certos complementos alimentícios como cenoura ralada, pimentão, páprica, etc.
Há, nas células dos animais, certas enzimas cuja função é acelerar a reação bioquímica. Sua ausência impediria esta reação ou esta se processaria de forma extremamente lenta. A estrutura química das enzimas é de natureza extraordinariamente complexa. Há certos pássaros que possuem a capacidade de sintetizar os pigmentos, não só vermelhos como também amarelos. O Tarim é um caso destes. Há porém uma infinidade deles. Estas aves têm a propriedade de sintetizar os alimentos ingeridos e que contenham caroteno, o produto final que lhes é depositado nas penas, ou seja cantaxantina para o vermelho e xantofila para o amarelo.
O Tarim em estado selvagem se alimenta de substâncias ricas em carotenóides, que lhe permite a manutenção constante do vermelho vivo de sua plumagem. Quando em cativeiro, esta cor vai diminuindo de intensidade, a menos que se lhe dê o produto final, como fazemos com os canários. Seria possível entretanto mantê-lo na cor selvagem, se sua alimentação estivesse muito caroteno tais como cenoura, couve, pimentão, etc. Podemos ainda citar outros pássaros. O Tangará perde quase totalmente a coroa vermelha, o Corrupião perde o seu laranja forte, ficando em pouco tempo de cativeiro com cor amarela-clara. Dos produtos ricos em caroteno estes pássaros podem sintetizar por processos metabólicos a cantaxantina existente nos mesmos.
Em canaricultura encontramos dois carotenóides de muita importância, especialmente no que concerne à plumagem, ambos quimicamente semelhantes:

Amarelo Beta Caroteno (C40 H56) produto final Xantofila

Vermelho Cantaxantine (C40 H52 02)

No atual estágio da canaricultura não fazemos nada, além de administrar ao canário o produto final: cantaxantina. Estamos incidindo em um grande erro. O processo genético mão pode e não deve ser descuidado, pois assim cada vez estamos nos afastando mais da linha direta do Tarim, que deu origem ao pigmento vermelho dos nossos canários, o que se constitui em um grande mal.

PARTICULARIDADE IMPORTANTE NA HIBRIDAÇÃO

Quando efetuar hibridação com Tarim, tenha sempre em vista o fim a que se destina o produto: linha clara ou linha escura. Se a sua criação for de linha clara, use o Tarim com uma fêmea vermelha da linha clara. Para linha escura use uma canária cobre.
Ter sempre em vista que um F1 de linha clara não é um bom início para a linha escura, o que só fará retardar a obtenção de exemplares sem manchas.
É de se considerar também que o Tarim deve ser usado com uma fêmea cobre quando se quer destinar os F1 para a linha escura e não com as fêmeas ágatas ou isabéis. Via de regra, o criador usa o Tarim para a linha escura, com a finalidade de obter bons cobres, sobretudo no início da hibridação.

O QUE É O CAROPHILL

Segundo os laboratórios Roche são carotenóides pigmentares, em formas estabilizadores, de qualidade uniforme, fáceis de assimilar, sem contra-indicações, com grande rendimento. Com base nestes carotenóides preparam-se três produtos adaptados às condições de emprego na alimentação das aves:

CAROPHILL RED possui 100 miligramas de cantaxantina por grama de produto, utilizado largamente na avicultura comercial para intensificar a coloração da gema dos ovos e também em canaricultura.

CAROPHILL YELLOW constituído por 100 miligramas de éster apocarotenóico por grama de produto, largamente utilizado na criação de frangos de corte para pigmenta-los de amarelo.

CAROPHILL ORANGE que vem a ser um complexo de mistura a base de 50% dos dois, carophill red e carophill yellow.

Até alguns anos atrás nós usávamos diretamente a cantaxantina para colorir os canários, hoje usamos 100 miligramas desta por grama do produto ministrado. A cantaxantina pura é bem mais roxa do que o carophill red e inegavelmente tem muito mais poder de coloração, sendo porém muito difícil hoje em dia a sua obtenção, sem contar o elevado preço que atinge o mercado. De três a cinco gramas eram então suficientes para serem adicionados a um quilo de ração.
O Carophill, para se obter uma boa coloração, pode ser adicionado na base de 10 gramas por quilo de ração. O criador deve ter também o cuidado de adquirir, no início do processo, todo o carophill que for necessitar, inclusive de uma mesma caixa. O uso de tubos alternados comprados em épocas diferentes, provavelmente lhe trará amarga surpresa com manchas na coloração. Calcula-se o consumo. Coloca-se em uma folha de plástico todos os tubos adquiridos. Faz-se então uma perfeita homogeneização, para depois recolocar nos tubos. Ao efetuar a mistura com a ração, alimentar, usar preferentemente um quilo de ração usando sempre a mesma quantidade de carophill red, rigorosamente medida ou pesada. Esta é a forma mais certa de evitar manchas na plumagem.
A época apropriada para iniciar o processo de coloração é de 60 dias após o nascimento. Há porém aqueles que dão carophill desde o ninho. Isto, muitas vezes, evita o trabalho desagradável de arrancar as pequenas penas de cobertura. Porém, a coloração de ninho nunca chega a atingir o mesmo grau de intensidade do que aquele após a primeira muda.
Na Europa não é usado retirar as penas das asas e os pássaros são apresentados em concursos com estas na cor laranja que vem de ninho. Este é tipicamente um hábito do criador da América do Sul.
Vimos que o carophill red é utilizado por criadores de galinhas para obterem ovos com a gema o mais vermelho possível. Este carophill, que vem através da gema, transmite em parte aos canários e sobretudo aos pássaros amarelos que vão muitas vezes tomando uma cor de dourado ou meio dourado, prejudicando a obtenção de bons pássaros com fator de refração.
Na Europa, o carophill yellow é largamente utilizado nos pássaros, para a obtenção de pássaros dourados fortes, uso sobretudo corrente na canaricultura de porte.


Alimentos colorantes para canários de fator Vermelho

Por Curtis Gulick
Revista ABC junho 2005

Na natureza, as aves comem uma grande variedade de insetos, crustáceos, algas, musgos, frutos e bagas.

Destes alimentos, elas recebem e metabolizam vários carotenóides, que acabam por depositar na plumagem.

Na região Centro-Norte dos Estados Unidos da América, o Cardinal apresenta cores bastante mais mortiças durante o Inverno. Nestes meses mais frios, a sua alimentação é majoritariamente constituída por sementes. O Flamingo alimenta-se de plâncton, o qual é rico em pigmentos.

Se forem privados da sua alimentação habitual, ao mudarem a pena perdem a sua bonita cor rosada, ficando tão brancos como um frango de aviário.

Nos Zôos, os Flamingos recebem uma dieta com sumo de beterraba ou Flamen-Oil (mistura de óleo escuro de cenoura e outros óleos vegetais integrais) ou, mais freqüentemente ainda, substâncias pigmentantes disponíveis no comércio especializado.

É assim natural que o Fator Vermelho dessas aves necessite de substâncias especiais para que possa ter expressão na plumagem.

É tão natural fornecer a uma raça de aves de Fator Vermelho concentrados de carotenóides como alimentar uma fêmea em postura com ovos cozidos. Será que as aves selvagens comem ovos para alimentar a sua prole? Não! Antes de serem domesticadas, as aves alimentavam as suas crias com insetos e plantas bravias. E com estas fontes alimentares que o Cardinalito selvagem consegue manter a sua intensa cor vermelha.

Durante os "anos escuros" da canaricultura, as aves coradas "artificialmente" eram simplesmente banidas das exposições. Desde o início, houve uma acesa discussão acerca do que seria uma alimentação colorante. Alguns consideravam mesmo que a utilização de cenouras na alimentação era uma forma artificial de pigmentar aves através da alimentação. A maioria aceitava qualquer tipo de fruta ou vegetais mas eram terminantemente contra a utilização de concentrados. Nesta confusão, era difícil saber onde encaixar a pimenta vermelha. Era impossível impor uma regra e tudo isto só servia para instalar a suspeição e fomentar má vontade entre os criadores. Ninguém admitia utilizar qualquer tipo de alimento colorante e algumas aves de qualidade extraordinária, mesmo que não fossem alimentadas de uma forma especial, eram impedidas de entrar em concursos, por serem suspeitas.

Como conseqüência disto, o seu organismo não dispõe de um mecanismo simples de remoção do que está em excesso. O uso de agentes promotores da cor melhora a aparência das aves e beneficia o seu estado de saúde. NO entanto, o seu uso indevido ou excessivo podem ser prejudiciais. As indicações relativas às dosagens devem ser escrupulosamente seguidas. Como regra prática, qualquer das substâncias pigmentantes pode ser fornecido até que as fezes apresentem uma cor rosada. Este é um sinal de que a ave já atingiu o máximo de quantidade de pigmentante que consegue absorver e utilizar.

Infelizmente, muitos criadores recusam-se a ler ou a seguir as indicações. A água deve ser mantida sempre fresca, pelo que tem que ser mudada diariamente. Isto é duplamente verdade se a água contiver agentes pigmentantes. A água pode estragar-se facilmente, se tiver substâncias pigmentantes dissolvidas e não for substituída freqüentemente. As substâncias químicas devem ser guardadas num local fresco, escuro e seco. Embora não as destrua, o calor, a luz e a umidade fazem com que as substâncias percam potência. Se forem refrigeradas, as substâncias podem durar para sempre, ou quase...

Não há uma idade mínima para começar a fornecer às aves alimentos colorantes.

Noutros concursos, baseados na "honorabilidade" dos participantes, só as aves "preparadas" tinham hipóteses de vencer. Mesmo atualmente, o iniciado é deliberadamente enganado por alguns criadores. Num recente concurso de canários de cor eu ouvi um concorrente premiado, que compra grandes quantidades de concentrados químicos, dizer a um jovem aficcionado: "Alimentos pigmentantes? Eu? Não, eu só utilizo verduras!". Posso afirmar categoricamente que nos últimos vinte anos não houve um único canário de Fator Vermelho que tenha vencido um concurso de canários de cor, que não tenha sido alimentado com uma dieta colorante especial!. Há muitos mitos a envolver a alimentação de canários de Fator Vermelho. Alguns entusiastas acreditam que os carotenóides irão afetar o fígado das aves, reduzindo-lhe de alguma forma a esperança de vida. Isto não é, de todo, verdade. Vá até uma loja de produtos dietéticos e verá o B-Caroteno colocado num local de destaque, destinado à alimentação humana. O B-Caroteno é um antioxidante e pensa-se que desempenha um importante papel na prevenção e cura em processos de doença, incluindo o cancro. O B-Caroteno é uma das substâncias mais importantes na alimentação colorante para canários de Fator Vermelho.

As substâncias utilizadas para melhorar a cor em aves de Fator Vermelho são classificadas como lipossolúveis (solúveis em gordura).